Assisti The Immigrant do diretor James Gray com a Cotillard atriz
maravilhosa.
Estou numa idade e
fase da vida que sinto duas coisas principais ao ver um filme com uma atriz boa
dessas: alívio por estarem fazendo algo bom e inveja /dor na de não ter sido EU
a bonita encarnada naquele papel. Belo
papel feminino.
A moça chega na
América do Norte depois de ter sido
forçada (ou não), a fazer sexo com a galera no navio. É obrigada a virar
prostituta num cabaret teatro. Junto com
várias outras. Desde ali dá pra
ver essa mania que até hoje tem os Estados Unidos tem de classificar as pessoas
pela nacionalidade delas. Isso é o embrião do racismo na minha opinião. Apontar: “Isso é coisa de polaco” ou de russo, ou de o que for. Penso que no Brasil é mais difícil
classificar assim pois é um povo super miscigenado, mas ainda se faz isso
também. Fala-se “coisa de baiano”, de gringo, de extraterrestre, etc.
Deu pra ver como
teatro é mesmo coisa de puta. Sempre
foi. Teatro, cabaret, coisa de puta, de bêbado, de rico, pobre sem vergonha, trabalhador, ou seja a
sociedade inteira de Nova York ia lá! Menos
as mulheres casadas. Tadinhas, a pior coisa nesse tempo devia ser casada com um
homem mau. E todos pareciam bem maus. Viados inrustidos obrigados a ter uma
fêmea em casa. Isso enlouquece qualquer um. Preferível ser puta que casada,
pelo menos as putas trabalhavam no teatro. As mulheres tinham um medo danado
dos homens, apanhar era absolutamente normal e ser casada era ter um dono.
Mas
falando sério, em Immigrant, a relação
entre a mocinha e o cafetão é de uma complexa e belíssima sensibilidade. Nem
sempre quem ama faz tão bem ao ser amado, afinal quem é bom?
Quem sabe a receita certa do bem? Esse foi o gênio do filme. Não há bons e
maus. Há pessoas em determinadas situações. Como em Shakespeare, como na vida.
Não se sabe quantos seriam capatazes e mocinhos. Se sabe de um mocinho quando o
ser humano é colocado naquela situação
de mocinho. O mesmo para o vilão. Tudo bem que podemos ter uma idéia pela
personalidade da pessoa, mas aí somos automaticamente preconceituosos ao pensar assim.

“Arma é coisa de quem
mata.” Mas a certeza de que é assassino,
só quando ele passa pela experiência de matar alguém. Fulano pode matar Ciclano
sem ter comprado uma arma, ou nunca ter
visto uma. Pode fazer com as próprias
mãos, ou com o que tiver por perto. Hamlet matou Polônio sem “saber”. Sem
planejar vai. Achou que era um rato, não foi isso? Shakespeare é mesmo muito
bom né , pessoal?
Mas falando sério de novo, o que me faz escrever hoje é como
me impressiona o julgamento das pessoas. Esse filme não julga. As pessoas julgam tudo e todos o tempo todo,
sem se aprofundar.

Eu particularmente,
se fosse investigadora seria daquelas minunciosas, pacientes, e talvez tivesse dificuldade. Eu não julgo até ter absoluta certeza! Mesmo
com uma confissão. O confesso pode estar enganado do que confessa ou ainda
mentindo. O ser humano é muito complexo para ter
absolutas certezas. Atitudes são mais fáceis de julgar. Roubou o
dinheiro da Petrobrás pra montar um Lava a Jato? Cana. Ponto. Já o espírito é infinito, os sentimentos e as
intenções infindáveis, impossíveis de classificar
entre bom e mau. Não somos uma ciência exata. É por isso que o inferno continua
super lotando de boas intenções e más
atitudes humanas.