segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Restaurante


  Significa um lugar que restaura, torna novo de novo, oque estava a se desgastar. Restaurante é tudo de bom, eu amo. Minha família sempre teve restaurantes e eu sempre trabalhei neles e nos dos outros também.  É para pessoas, oque  um posto de gasolina é para os carros: você vai lá para reabastecer e poder continuar circulando mais tranquilo pela cidade.
  Ser bem cuidado, bem recebido, servido, alimentado. De comida, sabores, cores, risos, boas notícias, bons amigos. O posto de gasolina, já que resolvi comparar, também acabou virando um ambiente de restauração. Restaura você e seu objeto de locomoção (carro). Você chega, abastece o bichinho (carro), aproveita e compra uns docinhos, cigarro, dá uma olhada de “fora” na cidade, ouve o barulho dela de outro ponto de vista e de escuta. Afinal o barulho que entra no carro misturado com o da rádio é diferente. Estica as pernas, checa as revistas de fofoca com aquelas letras grandes na capa, com frases chamativas e fotos de: famosos com problemas, famosos casando, famosos traindo, famosas grávidas. De madrugada os postos de gasolina ficam cheios de adolescentes bebendo, restaurando a cabeça... ao menos é oque ali intentam.
  A hostess chega para trabalhar no restaurante e o telefone já toca loucamente. Início de fim de semana. Restaurantes e postos de gasolina enchem nas metrópoles. Todos querem a restauração, todos querem abastecer. A lista de reservas começa a crescer e os lugares disponíveis a diminuir.
 No telefone os clientes são super bonzinhos, um pão doce com recheio quente e açúcar em cima!  Pedem com todo amor e carinho pela mesa mais difícil da casa. Alguns investem tempo contando oque exatamente é a noite de hoje ( ou do dia escolhido da reserva)  e fazem questão de explicar tim tim por tim tim o quão importante é para eles a data. E claro, o quanto este restaurante que ele escolheu dentre tantos outros em São Paulo tem : a melhor comida,  pessoas,  serviço... Tudo maravilhoso, lindo, a restauração que ele precisa.

-Poxa eu gosto tanto do Pereira (maitre)! Ele está aí? E o garçom Postura? Posso ficar na praça dele? Soube que Aninha entrou de férias.- Dizem qualquer coisa que os faça parecer amigos muito próximos. E são mesmo. Amamos nossos clientes. O problema é que as vezes eles chegam com fome. As pessoas mudam quando estão com fome.  Vamos esclarecer uma coisa pra a população, gente, fiquem calmos antes de qualquer coisa na vida. Estão certíssimas as aeromoças. Elas sempre dizem cheias de gentileza: “Em caso de qualquer problema, por favor, mantenham a calma, obrigada". Ou seja, avião pode estar caindo, e você provavelmente vai morrer, ainda assim, mantenha a calma!  É a única coisa que de fato ajuda em todos os casos. Mas ele quer seu direito de reservado e de ser restaurado, imediatamente! Tenho muitas histórias de restaurante da vida de hostess. Mas antes quero primeiro estar dentro de um agora. Sem combustível não posso escrever, nem postar nada, nem divulgar lhufas. É a tal pirâmida de Maslow, preciso comer, já. Vou a um restaurante neste exato momento, restaurar minha situação. E não tenho reserva. E estou numa metrópole, que não é nem a minha! Mas hoje, se sou o cliente, quem manda sou eu, certo? Tomara.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Moda VOLL: Tem moda tamanho maior?

Moda VOLL: Tem moda tamanho maior?

A Estréia


  O primeiro qualquer coisa, a gente nunca esquece. Fato. Os últimos serão os primeiros! Dizem. Fato também?
   Estréias são irresistíveis, a novidade é uma loucura. Amo as estréias de teatro por exemplo, mais do que as de cinema até, por vários motivos. Primeiro, porque quase sempre tem um boquetel = boca livre + coquetel. Comidinhas, bebidinhas e gente interessante, de graça, é legal. Segundo porque é glamuroso o fato de eu estar sendo parte da primeira sala a encher para assistir a peça antes de todo mundo da cidade. Tem os formadores de opinião, com comentários inteligentes e etc. Engraçado é que geralmente, as melhores apresentações são na verdade as últimas. Bem, estou sendo a última de meus amigos a fazer um blog. Este aqui. Faço primeiramente, por livre espontânea pressão social, profissional? E pessoal. Se todos tem porque eu não tenho também? Oras.
   Sou a primeira filha de um jovem casal de músico com empresária, e a primeira neta de um também jovem casal de avós. Avós são avós, classificação universal. Minhas duas irmãs vieram depois que eu já estava grandinha, oque possibilitou-me ver bem a diferença de como é ser a primeira filha e a primeira neta em uma família. Cobaia. Isso mesmo. Oque não funcionou comigo, não foi usado nos seguintes, e oque funcionou foi repetido. Desde o fator genético  até a educação deles (irmãs e primos) eu percebo que é bem mais elaborada, digamos assim. Devo lembrar a responsabilidade que carrega qualquer estreiante, de ser o exemplo, a referência no mínimo estilística para os seqüenciais que virão, conseqüentemente, após este primeiro.
  Minha mãe diz que tudo na minha vida, eu demoro um pouco mais pra fazer. Fui a última das minhas primas e amigas a ficar “mocinha” (que termo brega, não achei outro). Serei a última das filhas a casar e ter bebês (que vergonha, elas são bem mais novas!).
 Já repararam que o slogan de quase todas as estações de rádio, é “a primeira!” em alguma coisa?  Também ainda não aprendi a cozinhar muito bem sozinha. Ainda estou aprendendo dirigir sem colocar em risco a vida dos outros e de todo trânsito a minha volta. É que eu muito me distraio no tempo ao redor...
   Meu primeiro argumento crônico é o frio na barriga de qualquer estréia. O medo do julgamento quadruplica. É como entrar no mar. Você está na areia quentinha, a pele esturricada de sol, vê o mar chamando. Vai até ele que ela gela os seus pés. A água é fria que só... Você avista uma onda que está lá no fundo ainda, e pensa: quando aquela onda chegar aqui, eu furo de cabeça! E quando ela chega, você sai correndo para a areia que nem criança, rindo muito, é como cócegas. Então você volta aos poucos, devagarzinho. Esta cena se repete pela vida toda. Quando consegue superar a inércia e finalmente mergulha na água com tudo, no mar de meu Deus, nossa...  Toma o primeiro fôlego. Agora é só sair nadando. Seu corpo já é outro. Você tem vontade de ir até a ilha do outro lado! Isso porque estava com medinho de molhar os pés...   É quase como amar de verdade. Mas isso é outra história.  A segunda? Pode ser, mas só agora já teve a primeira.